Entre os dramas humanos, a morte é, naturalmente, aquele que mais nos atinge, aflige e angustia. Inclusive, nossa inconformação com a morte é uma clara demonstração de que a existência material não nos completa. Por isso a morte nos atinge de modo tão cruel. Não a aceitamos e jamais a receberemos como natural.

Além disso, a morte é, para nós, sinônimo de perda, de separação, de ausência, de saudade. Ela nos rouba a presença e a companhia das pessoas que amamos e, independente do processo até sua chegada, com ou sem aviso prévio, sempre trará o peso da ruptura e a desconfortável visão de nossa finitude e limitação.

Acima de tudo isso, porém, a morte atinge nossa esperança. E aí percebemos que a célebre declaração “a esperança é a última que morre” traz consigo não apenas a mensagem de que a esperança é resistente, mas a lembrança clara de que o fim dela corresponde à ausência de qualquer perspectiva. É quando somos lembrados, mais uma vez, que a dimensão espiritual é parte inerente à nossa vida e indispensável a uma existência saudável e feliz.

A Bíblia sinaliza, então, com algo surpreendente: “…o justo, até na sua morte, tem esperança” (Provérbios 14.32).

Acrescentar à existência a dimensão espiritual muda o modo como vemos a vida – e o modo como vemos a morte. Sem dúvida, nossa vida terá um fim: “…aos homens está ordenado morrerem uma vez” (Hebreus 9.27). Mas vale lembrar a interessante colocação de Rubem Alves, em sua obra O que é religião:

“Deus existe? A vida tem sentido? O universo tem uma face? A morte é minha irmã? A estas perguntas a alma religiosa só pode responder: ‘Não sei. Não sei. Mas desejo ardentemente que assim seja, e me lanço inteira, porque é mais belo o risco ao lado da esperança que a certeza ao lado de um universo frio e sem sentido…’”.

A expectativa da vida eterna – que, de acordo com a Bíblia, é possível em Jesus Cristo – coloca lado a lado esses elementos aparentemente inconciliáveis: morte e esperança.

Com todo o peso decorrente da finitude e todo o sofrimento decorrente da perda, quanta diferença faz preservar a confiança quando tudo parece ter chegado ao fim.

Pr. Ney Ladeia

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