Em nome da busca da liberdade, a humanidade caminha, nos dias de hoje, em direção ao conceito de que não existe *verdade*, o que requer algumas considerações:
Em primeiro, lugar, a “ausência” de verdade não é evolução, mas involução. É um equívoco achar que podemos viver sem referenciais morais e éticos. Uma sociedade absolutamente pragmática e amoral caminha em direção ao caos. Aquilo a que temos assistido, atualmente, em nome da liberdade de direitos, é uma busca individual, egoísta e inconsequente da satisfação dos próprios desejos. Nenhuma estrutura social, calcada sobre relacionamentos, sobreviverá a isso. Ruy Barbosa fala sobre isso, antevendo tempos em que o abandono de valores e a aceitação da transgressão como normal nos deixaria reféns: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”
Em seguida, é preciso considerar que o apego à verdade não é sinônimo de intolerância. A defesa de conceitos e princípios não implica em desrespeito a pensamentos diversos. É mister lembrar, ainda, que os princípios presentes desde a Reforma Protestante …. incluem a liberdade religiosa e de expressão, além da separação entre Igreja e Estado, condição indispensável a uma verdadeira liberdade de escolha religiosa. Não é por acaso que os países ocidentais que receberam maior influência desses grupos protestantes são claramente mais democráticos.
Finalmente, convém acrescentar que nenhum exemplo supera o de Cristo. Ele soube, como ninguém mais, estabelecer e ensinar princípios e valores imutáveis e universais. Nada de relativismo – seu compromisso com a verdade é claro: “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Evangelho de João, capítulo 8, versículo 32). Ao mesmo tempo, ninguém amou tanto quanto Ele – ao ponto de pedir ao Pai que perdoasse aqueles que lhe infringiam uma dor extrema, no momento da crucificação. No encontro com a adúltera, a mais clara demonstração desse equilíbrio, ao revelar o amor de quem compreende e perdoa, mas rejeita o pecado: “Eu também não te condeno – vai e não peques mais” (Evangelho de João, capítulo 8, versículo 11).
Logo, amor à verdade não é intolerância. A rejeição ao erro não implica ódio ao errante – ao tempo em que o amor ao próximo não impõe a omissão diante do erro.

Pr. Ney Ladeia

Write a comment:

*

Your email address will not be published.

© 2020 PIB Florida

Siga-nos: